13/02/2011

FERIDOS EM NOME DE DEUS, um livro recomendável?


Eu esperava ler uma obra que poderia ser um marco na literatura evangélica brasileira, entretanto, ao ler o livro - Feridos em nome de Deus - da autora Marília de Camargo Cezar, tive uma grande decepção. A jornalista que é cristã, expõe em seu primeiro livro os abusos em que evangélicos sofreram de seus pastores em diversas denominações cristãs. Embora a obra tenha seu valor devemos notar que há declarações muito perigosas e uma acentuada valorização à psicologia secular. Há varias idéias que não deveriam estar no livro, principalmente quando Marília, cita o doutor em Ciências da Religião Zenon Lotufo Jr. Observe a declaração perigosa que ele expõe no livro:

Lotufo nota que a tradição protestante sempre enfatizou o rigor na disciplina dos filhos. Diversas passagens bíblicas encorajam o uso da “vara” para induzir obediência. Os provérbios do rei Salomão, o maior dos sábios, tratam disso com uma freqüência constrangedora: “O que retém a vara aborrece a seu filho”; “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela”; “Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá”; “...a vara [é] para as costas dos insensatos.”

Lotufo prossegue em sua argumentação escrevendo que pode haver um abuso por parte do pai ou mãe ao trabalhar na disciplina do filho, o que é um crime previsto no Código Civil, e que o autoritarismo associado à figura de autoridade podem surgir muitos abusos. Embora sua argumentação esteja correta, o perigo está em uma frase de sua argumentação – “...os provérbios do rei Salomão, o maior dos sábios, tratam disso com uma freqüência constrangedora.” Ele declara que a Bíblia trata do assunto de disciplina dos filhos de uma maneira constrangedora? Somente uma pessoa que não crê nas Escrituras Sagradas poderia fazer tal afirmação. A Bíblia não é a regra de fé e prática para todo aquele que nela crê? Como ela poderia constranger em algum assunto? Não farei uma refutação minuciosa a esta argumentação de Lotufo, mas basta dizer que quando a Palavra de Deus afirma o melhor caminho para ser seguido, ela deve ser obedecida para uma vida mais saudável e feliz.

Como em todo o seu livro Marilia enaltece a psicoterapia como uma solução para os crentes e líderes, era de se esperar que ensinos psicológicos permeassem todos os capítulos da obra. Quando ela cita Lotufo e seu ensino sobre a “vara” na Bíblia, lembramos de termos como – Transtorno Desafiador Opositivo , que são ensinos psicológicos que tentam explicar a rebelião. Entretanto, o uso da “vara” para disciplinar é um ensino bíblico e pastores que aceitam a Bíblia como regra de fé e prática devem usá-la para a correção de seus filhos pequenos, quando necessário, observando o mais importante; a aplicação das Escrituras, para o ensino. É o que nos recomenda Lou Priolo:

....se você, como muitos pais cristãos que conheço, disciplina fisicamente seus filhos sem ministrar a Palavra simultaneamente, você não está disciplinando biblicamente....você deve ensinar, convencer, corrigir e treinar seus filhos com as Escrituras e, quando necessário, usar a vara. Fazer de outra maneira é provocar-lhes à ira. .

Para observar outras declarações psicológicas nada bíblicas, veja o comentário da página 114,115 do livro. Existem várias passagens do livro que considero problemáticas, e declarações que considero muito perigosas. Talvez um integracionista ao ler o livro o aprecie, todavia acredito que a autora enaltece demais a psicologia como uma solução para os líderes de hoje, ao contrário, acredito que somente um retorno ao aconselhamento bíblico, é que seria um caminho para a ajuda de milhares de líderes e cristãos feridos em nome de Deus.

Segue declarações e as referidas páginas que entendo como posições perigosas encontradas no livro – Feridos em nome de Deus:

Página 46 “Um pastor usa termos pscicanaliticos, como “aquétipo” que não são para todos os ouvidos”. O uso de definições psicológicas e citações do DSM, não ajudarão em nada os cristãos.

Pg 49 Teorias psicológicas - “Kivitz recorda ainda uma noção freudiana.....”

CAP 9
Pg 90 “Ser um cristão de mente aberta é ser aberto à psicologia” Eu não acredito nesta declaração, pois a igreja viveu 1800 anos sem a psicologia e sempre resolveu seus problemas sem a ajuda de técnicas psicológicas.

Pg 90 A autora cita as cartas entre Freud & Pfister e diz que ser um crente de mente aberta é : “Um vislumbre dessa amizade singular entre um ateu convicto, inimigo da religião, e um cristão com mente aberta para as descobertas cientificas de seu tempo...”
Para a autora - ter a mente aberta é concordar com a psicoterapia.

Pg 91 A autora diz que o pastor Sergio Gouvêa que é psicanalista também poderia: “ ser criticado pelos fundamentalistas, como foi Pfister em sua época, por concordar com Freud em diversos pontos de suas teorias”. Para Marilia quem não concorda com Freud é fundamentalista.

Pg 93 A autora recorre a Freud para argumentar sua tese do “eu”.

Pg 96 A autora cita Paul Tillich, considerado por muitos como o maior teólogo do séc. XX. Certamente esta é uma informação equivocada, pois Paul Tillich era um teólogo liberal, e não cria na ressurreição de Cristo.

Cap 11 Considero o capitulo da psicologia.

Pg 105 “Um terapeuta colaborou com uma compreensão mais profunda...”

Pg 106 “A terapeuta o convenceu que Neuza era doente.”

Pg 106 A autora usa a expressão: “Rabo preso”. Acredito que esta expressão não fica bem em um livro cristão.

Pg 107 Para Karl Kepler, presidente do Conselho Brasileiro de Psicólogos cristãos, o que predomina entre os cristãos de hoje é a cultura do medo. A pesquisa da autora raramente é feita em teólogos conhecidos, mas sim as autoridades em psicologia.

Pg 108 A terapia foi fundamental para recobrar a sanidade. Não é mais Cristo fundamental?

Pg 109 A fonte da autora mais uma vez são as experiências de um psicólogo, neste caso é citado o livro de Esther Carrenho - Raiva.

Pg 111 “....afirma o psicoterapeuta”

Pg 111 “...a vítima de abuso nem sempre tem coragem de procurar ajuda na psicoterapia”.

Pg 111 “... patologias psicológicas – depressão, ulceras....”

Pg 112 “ Meg conseguiu associar suas enfermidades seu histórico familiar com a ajuda da terapia...”

Pg 113 querem dar uma nova interpretação metafórica na Bíblia, sobre a questão do uso da “vara” na Bíblia - Pv 13.24

Pg 114, 115 A declaração abaixo eu a considero gravíssima e herética, observe:

Zenon Lotufo usa a passagem de Provérbios de maneira metafórica. Ele diz: “acrescenta que “a vara era usada pelo pastor de ovelhas para conduzir, e não para espancar. Metaforicamente, é para guiar, não para bater. A forma de ler a Bíblia é que faz a diferença. Há passagens que simplesmente não são mais aplicáveis”. Grifo meu.
Observe a gravidade e o perigo desta afirmação de Lotufo. Zenon lotufo tenta justificar sua argumentação bíblica ao dizer; “A vara não pode ser entendida literalmente pois teríamos que tomar a passagem de Deuteronômio 21:18-21, que ordena que os pais de filhos rebeldes os exponham ao apedrejamento público, sendo eles, inclusive, os primeiros agentes do assassinato. Esta ali, com todas as letras. Não se pode pegar o texto e aplicá-lo sem cogitar o que se sabe hoje em termos de psicologia e de medicina.” (grifo meu). Pense um pouco; a Bíblia para Lotufo não pode estar dizendo a verdade quando a lei de Moises mandava matar os filhos rebeldes, segundo ele tal passagem só pode ser metafórica. Então usa o mesmo raciocínio para o ensino de Salomão sobre a “vara”. Além de fazer uma equivocada interpretação do texto, pois ambas são literais , ainda declara que “...não se pode pegar o texto e aplicá-lo sem cogitar o que se sabe hoje em termos de psicologia e de medicina.” Isto é um ultraje a exegese, hermenêutica e a inteligência humana. Quer dizer que eu preciso interpretar a Bíblia através da ciência e de ensinos humanistas como a psicologia secular? Lotufo faz uso de uma interpretação humanista sem valor exegético.

Pg 132 “Aprendi com meu psiquiatra”. Não era melhor aprender com a Bíblia?

Pg 132 “ Nos Estados Unidos...é comum a instituição de conselhos de psiquiatras cristãos especializados no acompanhamento de pastores”. Acredito que toda o ensino psicológico não ajudaria o ministerio destes milhares de líderes cristãos, mais sim um retorno a Bíblia Sagrada.

Pg 134 Relata um caso de uma pastora que aprendeu com um livro de um padre sobre o “falso eu”, e que conheceu a libertação através da psicoterapia. Um ensino muito estranho do Novo Testamento, mais estranho ainda estar sendo ensinado em um livro evangélico.

Cap 14
Pg 144 “Meu verdadeiro eu” teoria psicológica.

3 comentários:

acho que este texto está cheio de mimimi

"Bacharel em Teologia, articulista, professor de teologia, apologista em atividade há mais de 20 anos"

Que engraçado! Ficamos 4 mil anos (desde Abraão) sem bacharelado, sem teologia e sem apologética, e agora precisamos disso?

Estou apenas seguindo o raciocício usado contra psicologia e psicoterapia.

Quando vc estudar psicologia como estudas Teologia aí sim eu darei a minha opinião. Esse texto está muito falacioso.

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